Um dia desses, lendo o livro de Natalie Goldberg,
“Escrevendo com a alma”, um texto me chamou a atenção. Ela discutia com uma
amiga, também escritora, sobre “o abismo
que existe entre o grande amor que sentimos pelo mundo quando sentamos e
escrevemos sobre ele e o desprezo que lhe dispensamos no âmbito de nossa
própria vida humana.” (Goldberg, p.139). Citou também Hemingway, que escrevia sobre a enorme paciência de
Santiago em seu barco de pesca, mas, assim que punha o pé fora do escritório, maltratava a esposa e
enchia a cara. (Goldberg, p.139).
A escritora diz “que precisamos começar a
unir esses dois mundos. A arte é o ato da não agressão. Devemos vivenciar essa arte na nossa vida
cotidiana”. Outro trecho do livro diz: “Nosso
objetivo é ter uma consideração gentil por todos os seres sencientes, a todo
o momento, para todo o sempre”. “O mesmo não significa produzir um lindo
poema no papel e depois maldizer a vida, reclamar do carro e fechar outro
motorista na via expressa”. (Goldberg, p.140).
O que isso tem a ver com os cristãos? Contextualizando
para o mundo cristão o que foi dito no texto citado, chegamos à conclusão que:
sentimos um amor enorme por Deus, Àquele que nos sustenta, nos ajuda, abençoa e
está presente, mas o tratamos como se Ele fosse nosso servo e não ao contrário.
A partir do momento que não temos essa ajuda, achamos que Deus falhou conosco e
não mais o valorizamos tanto quanto deveríamos. O mesmo acontece com nossos
familiares. Por exemplo: quando nosso marido passa por qualquer dificuldade
financeira e não nos dá mais o que achamos que merecemos, passamos a achar que
nosso casamento está fracassando, pois ele o marido, é “mão fechada” ou que não
nos ama mais. Enfim, só valorizamos alguma coisa quando elas nos são úteis. É
uma situação de barganha “te dou isso em troca daquilo”. Podemos até agir assim
com nossos familiares, mas nunca com Deus. Devemos amá-lo pelo que Ele é não
pelo que recebemos d’Ele. Até porque tudo o que temos e somos vem de Deus.
Discursamos muito sobre as coisas certas, valores que
devemos respeitar que devemos seguir a Palavra de Deus, etc., quando na
verdade, não agimos como verdadeiros cristãos. Achamos a Palavra de Deus
maravilhosa, correta, pregamos isso a muitos, porém nossas atitudes não
condizem com o que pregamos. Parece tudo “da boca pra fora”. Não cuidamos
direito da saúde, às vezes mentimos dizendo que nossos filhos não estão em
casa, quando realmente estão, ou não abrimos a porta para um mendigo esfomeado
que bate à porta de nossa casa, enfim, eu poderia preencher várias páginas com
outras ações que desagradam a Deus. Até com relação ao planeta, como cita a
autora do livro, existe um abismo enorme entre o que pregamos e o que fazemos
por ele. Senão mudarmos, o que sobrará para as gerações futuras?
Com relação à Hemingway, o que foi dito, nos mostra
como podemos ser tranquilos com algumas situações confortáveis para nós, e em
contrapartida como podemos ser malvados com nosso próximo e ao mesmo tempo termos
ares de boa gente. E a nossa consciência como é que fica? Devemos agir com
transparência, em consonância com aquilo que pregamos. Não podemos pregar
Jesus, e depois dizermos palavras grosseiras a um motorista que nos fecha no
trânsito, ou não ajudando ao nosso próximo que está necessitado. Ou de repente,
sermos flagrados maldizendo alguém ou falando mal de outros. Temos que tentar
diminuir cada vez mais esse abismo entre aquilo que pregamos e o que fazemos.
Não é fácil de imediato, mas é nosso dever tentar todos os dias. É preciso que
vejam Jesus em nós. Está
cada vez mais difícil conduzir uma ovelha de volta ao aprisco, ou tentar levar
os bodes para dentro do aprisco. A condução de bodes para dentro do aprisco,
para posterior transformação e novo nascimento, não é tarefa fácil e se torna
muito mais difícil quando não damos o exemplo, ou seja, quando não agimos de
acordo com o que pregamos.
O mundo jaz no maligno. E ele está disposto a
qualquer coisa para levar todas as ovelhas do Senhor para o seu lado. Quanto
mais, melhor.
O final dos tempos está chegando. E temos que
escolher para onde queremos ir, para o descanso eterno com Jesus ou para o lago
de fogo e de enxofre com o maligno? A escolha é nossa. Ainda temos tempo de
realmente fazer jus ao nosso novo nascimento com Jesus. Vai depender de nossa
fé, pois tudo é possível ao que crê. Se você crê, você pode ser curado, e
transformado. “A quem vencer, eu o farei
coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome
do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a Nova Jerusalém, que desce do
céu, do meu Deus, e também o meu novo nome.” Ap 3-12.
Honra
e glória somente a ti, Senhor!
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