O dicionário explica o
estresse da seguinte maneira: “Reação do organismo a influências nocivas de
ordem física, psíquica ou infecciosa capazes de perturbar o equilíbrio
interno”.
Por
que será que muitos crentes dizem que nunca ficam estressados e que o estresse
não vem de Deus, e sim do Diabo? Com certeza ele não vem de Deus e o Diabo só
está envolvido nesse caso quando permitimos que ele se aproxime de nós, através
de nossas atitudes erradas perante a vida e como a vivemos. Ele até gosta desse
tipo de crente que diz que nunca fica estressado, e que crente só se estressa
se estiver afastado de Deus. Com esse pensamento, o Diabo pode tomar conta do
crente, tornando-o vítima de suas próprias convicções erradas.
Como
o dicionário afirma o estresse é uma reação do organismo a influências nocivas,
e isso não vem do Criador. Só nos estressamos quando deixamos de viver de forma
harmônica com Deus, com a natureza e com nós mesmos.
Vamos de encontro ao
estresse, assim como vamos de encontro a coisas boas, buscamos ardentemente o
estresse, como se ele fosse àquele apartamento duplex objeto de nosso desejo
que vai nos possibilitar morar com a segurança de um apartamento, e com o
espaço confortável de uma casa grande. Almejamos tanto o estresse como queremos
um carro importado cheio de recursos de primeira linha.
Por
que será que fazemos isso? Na maioria das vezes não conseguimos conquistar o
tão sonhado carro importado nem o apartamento duplex, mas nos deparamos com o
estresse que vem fantasiado de cansaço, fadiga, nervosismo, e doenças das mais
diversas e todas de primeira linha, algumas que a ciência ainda nem consegue
explicar.
Quando conseguimos ficar só nisso ainda é
lucro. Podemos adquirir coisas bem piores, tais como, depressão, doença autoimune, câncer etc. E tudo isso pode matar. Mas será que um cristão pode
adquirir algo tão nefasto? A resposta é surpreendente: sim!
O cristão pode se estressar
a ponto de adoecer e morrer. A única diferença do cristão para o não cristão é
a salvação. O item salvação ainda poderá resultar em questionamentos, pois fica
a seguinte pergunta: por que o cristão não buscou tomar as rédeas de sua vida,
transformando-a em algo mais saudável? Por que não estabeleceu prioridades em
sua vida para que sua saúde física, espiritual e mental não fosse comprometida?
Aí, tem outra pergunta: será que alguém que morre nessas circunstâncias
realmente alcançou a salvação? Será que ela teve entendimento suficiente para
deixar que seu organismo chegasse ao ponto de adoecer e morrer? Não vamos entrar nesse mérito, porque isso é tema divino, e não nos cabe nenhum juízo de valor.
Os
monges beneditinos, e outros de outras denominações, sabem como dosar a vida
monástica com a vida secular, sim, porque apesar de monges, também se envolvem
com o mundo, uma vez que estão em contato com pessoas, e respiram o mesmo ar,
muitas vezes poluído dos que vivem fora do monastério. Eles vivenciam as
mazelas do mundo através do atendimento e aconselhamento que prestam as pessoas
que os procuram.
Se
não possuíssem armas para lutar contra isso, estariam também tão estressados,
tanto quanto às pessoas que os procuram. A vida não perdoa a quem não sabe se
cuidar, e principalmente àqueles que negligenciam seu lado espiritual. Muitos
de nós esquecemos de que não somos uma máquina feita de ossos e carne que
movidos por adrenalina. Trabalhamos horas a fio sem nenhum descanso. Nossa
mente, (alma, psique) também necessita de cuidados. É justamente nessa área que
o estresse nos domina, causando o desequilíbrio. Com a mente em desequilíbrio todo o resto
sucumbe.
Os
monges param de cinco a seis vezes ao dia para refazerem suas energias
espirituais, cientes de que não somos só corpo. Temos alma e espírito e
precisamos lhes dar a devida atenção.
Anselm
Grün em seu livro “No ritmo dos monges” (Grün, 2006, p. 36), compara o “escuro
que apavorava as pessoas, ao medo dos abismos da própria alma”. Podemos dizer
que o estresse também nos leva a sentir medo, e que ele é o próprio abismo de
nossas almas.
Temos
a sensação de total desamparo, sentimos algo, porém não conseguimos explicar o
quê, nosso peito aperta e nos sentimos ansiosos com tudo o que há de vir. Com
todos esses sintomas, nosso coração dispara, e todo nosso ser entra
Precisamos
entrar em harmonia com nossa triplicidade, corpo, alma e espírito, através do
estabelecimento da prioridades das horas. Temos que ter tempo para todas as
atividades que temos que desempenhar durante as vinte e quatro horas do dia,
sem nos esquecermos de cada parte de nosso ser.
O corpo precisa de descanso,
alimentação saudável, lazer etc. A alma (psique) também necessita de
combustível para funcionar com plena capacidade e o espírito precisa estar em
contato com as coisas sobrenaturais que vem diretamente de Deus e do contato
íntimo com nosso Pai. Devemos ter tempo para orar, para conversar com Deus e
expor todos os nossos problemas para Ele.
O maior erro do crente é
achar que Deus já conhece todos os seus problemas, e que então não é necessário
nada dizer.
A
Bíblia nos fala para pedir que receberemos, diz que precisamos bater para que a
porta se abra. Portanto, Deus não é nosso empregado, Ele sabe do que precisamos,
pois é onisciente, mas devemos nos humilhar e pedir o que precisamos. Devemos ser
explícitos com Deus, abrir nosso coração para que Ele nos ajude. O contato
direto e diário com Deus vai ajudar e muito, a que o estresse não se aproxime
de nós.
Em
resumo: o crente se estressa e se cansa sim, pode entrar em colapso como
qualquer pessoa. Quer que isso não aconteça? Devemos estabelecer prioridades em
nossa vida.
Temos que ter momentos de
oração, introspecção, que pode ser parar até por somente dez minutos para meditar, lazer, alimentação
correta, descanso, cada coisa em seu devido tempo, para que nosso organismo não
adoeça, nossa alma fique saudável e o nosso espírito esteja sempre em paz. E
não devemos deixar de prestar auxílio a quem está se sentindo assim. Acho que
um pouco de empatia e misericórdia faz muito bem para quem presta esse auxílio,
e muito mais para quem está desamparado. Ninguém que esteja se sentindo dessa
maneira precisa de dedos apontados para si, e sim de acolhimento.
O estresse não é de Deus e
nem do Diabo, é do mundo em que vivemos e de tudo o que estamos inseridos. E somos os responsáveis por tudo o que nos acontece.
O Senhor nos deu o livre-arbítrio
para conduzirmos nossa vida da melhor maneira e muitas vezes nós a conduzimos
da pior maneira. Pois há, para todas as coisas, um tempo determinado por Deus. Ec.3.
Honra e glória somente a Ti,
Senhor!
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