Quando eu era criança, adorava quando ia a alguma
festa infantil dos coleguinhas vizinhos, não só para comer bolo e docinhos,
como também para ganhar balões.
Eu ficava na fila, quieta para que me
entregassem algum balão. Muitas vezes, por eu ser mais alta do que as outras
crianças, os balões eram distribuídos para os menores. Como a idade não está
escrito na testa, eu ficava sem o meu tão desejado e sonhado balão, pois
diziam: Primeiro pros menores. Ficava frustrada, triste, mas não perdia a
esportiva. Logo estava brincando com alguém que ganhou e tudo ficava bem. Nessas horas eu pensava:
Por que eu cresci tão depressa? Tudo era distribuído primeiro pros menores que
às vezes eram dois ou três anos mais velhos do que eu.
Quando conseguia ganhar um, normalmente
nas festas de família, onde todos sabiam quantos anos eu tinha, era só alegria.
Depois de brincar, ficava olhando para o balão por horas a fio, até que ele
esvaziava. E, aí começava tudo de novo, eu ficava me perguntando: Quando será
que haverá outra festa para eu ganhar outro balão?
Dia desses, ouvi alguém dizer na
televisão que um pedófilo atraia suas vítimas, normalmente, crianças pobres,
com idade entre quatro e seis anos, com a promessa de um “danone”, ou seja, de
um iogurte. As crianças iam com esse homem somente pelo fato de poder saborear
um iogurte e então, eram abusadas e violentadas. Alguns anos atrás, as crianças
valorizavam muito os balões das festas e ainda nos dias de hoje, as menos
favorecidas são atraídas por um iogurte, o que as mais favorecidas nem ligam.
As crianças de hoje, ao final das festas,
estouram todos os balões pisando e sentando em cima, e não estão nem aí para os
iogurtes. Só se interessam por roupas e tênis de marca, almoços em restaurantes
caros, tablets, celulares de última geração, jogos em computadores, viagens a
Disney. Estão deixando de ser crianças, sem brincar na rua, nos quintais, sem
inventar brincadeiras em casa nos dias de chuva, não mais assistem a programas
inofensivos como desenhos animados, passam o dia inteiro na internet jogando
jogos violentos, que muitas vezes nem são adequados para a sua idade, e
pesquisando o que não devem. Só se interessam pelo ter. Cada qual querendo
mostrar os objetos de marca que adquiriram. Estão se tornando adultos antes do
tempo, pois estão observando o exemplo dos pais, que ultimamente, também só
valorizam o ter em detrimento do ser.
“Não
ameis o mundo, nem o que nele existe. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não
está nele. Pois tudo o que há no mundo: as paixões da carne, a cobiça dos olhos
e a ostentação dos bens não provém do Pai, mas do mundo. Ora, o mundo passa,
assim como a sua volúpia; entretanto, aquele que faz a vontade de Deus
permanece eternamente.” I Jo 2.15-17.
Não serão as coisas, do mundo que
estenderão as mãos para nos ajudar quando necessitarmos e, sim, o ser humano,
aquele que está ficando em segundo plano em nosso mundo moderno.
Amar as coisas do mundo não nos afeta
somente pelas coisas exteriores tais como: As pessoas com quem nos relacionamos,
lugares que frequentamos ou as atividades que praticamos e apreciamos. Esse
amor está também em nosso interior, em nossos corações e caracteriza-se pelo
prazer físico, pela preocupação com os desejos físicos, pela cobiça por tudo o
que vemos, quando almejamos e acumulamos coisas, o que faz com que nos curvemos
ao deus do materialismo e por último, o orgulho por nossas posses, e a obsessão
pela condição, posição ou por ser importante.
“Ai
dos que usam o mal como sinônimo de bem e chamam o bem de mal, que fazem das
trevas luz e da luz, trevas, do amargo, doce e do doce, fel!” Is 5-20.
Quando não mais sabemos diferenciar o bem
do mal, logo chegaremos à ruína, pois ao procurar desculpas para os nossos
atos, eliminamos a barreira entre o certo e o errado e nossas escolhas se
tornarão confusas. Quando invertemos os valores estamos invertendo a essência
das coisas, o fundamental, pelo que é acessório, secundário.
“Ninguém
pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou será leal a um
e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mâmon”. Mt 6-24.
Que possamos ser o sal da terra, primando
por um padrão de comportamento digno, dando o exemplo aos outros e
principalmente aos nossos filhos, incentivando-os a valorizar as coisas simples
como um “danone”, ou um balão, pois ambos custaram dinheiro, suor do nosso
trabalho.
E, o mais importante não devemos nunca
nos esquecer de que o dinheiro é para ser usado e as pessoas amadas.
Honra e glória
somente a ti, Senhor!
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